Empreendimentos verdes orientam opção de compra
25 August 2011
Valor Econômico
Equipamentos, produtos e serviços para racionalizar o uso de água, até há pouco tempo exclusividade de prédios com certificações Green Building, começam a ser incluídos em projetos de construção e gestão de empreendimentos comerciais e empresariais. Além de preservar recursos naturais, a tendência significa menor custo e maior competitividade para empresas que chegam a reduzir o consumo de água em até 50% em algumas iniciativas.
"A comparação para definir compra ou locação de imóvel é feita a partir da característica verde do empreendimento", diz Paulo Costa, diretor comercial da H2C, do Grupo Lemos da Costa, especializada em programas de racionalização de uso de água. Imóveis com menor custo de manutenção, explica, se tornam mais atraentes ao mercado. Esse movimento verde impulsionou o desenvolvimento de novas tecnologias. Os produtos ganharam eficiência, designs modernos e funções inovadoras.
Metade das despesas com água nos condomínios, segundo ele, é proveniente das bacias sanitárias. Nos imóveis com mictórios os gastos chegam a representar 60% do total. A demanda por equipamentos mais econômicos, relata Costa, levou os fabricantes de louças e metais sanitários a realizar melhorias nos últimos oito anos.
As bacias que gastavam entre 12 litros e 15 litros de água perderam espaço para os sanitários com caixa acoplada, sistema duplo de acionamento e consumo de seis litros para o envio de dejetos sólidos à rede de esgoto e três litros para os dejetos líquidos. Começam chegar ao mercado equipamentos importados com caixa acoplada que gastam 4,5 litros para sólidos e 2,5 litros para líquidos.
Outra vilã do consumo de água nos empreendimentos empresariais é a cozinha, por onde saem 14% da água consumida num edifício. Com arejadores ou restritores de vazão, para limitar o consumo de água em 4,5 litros por minuto em média, é possível alcançar economia de até 67% em relação aos produtos tradicionais. Nos casos em que essas alternativas não são viáveis, ações de retrofiting substituem torneiras ou misturadores convencionais pelos automáticos ou eletrônicos.
A indústria desenvolveu tecnologias também para reduzir o consumo de água na limpeza. Há rodos para substituir vassouras e mangueiras que permitem economia de até 95% em relação ao método tradicional. Restaurantes, hotéis e supermercados passaram a utilizar produtos de limpeza com ação prolongada, que eliminam o uso da água. "Esses produtos tornam o serviço mais ágil e ajudam a economizar tempo porque dispensa o enxágue", diz Nilton Rezende, diretor da Ecolab Química do Brasil, fabricante de um produto à base de enzima para limpeza a seco. Além disso, alguns edifícios utilizam na construção vidros autolimpantes, que dispensam a limpeza constante e o uso de detergente.
Essas tecnologias são mais caras que as tradicionais, mas o retorno do investimento é rápido. Torneiras automáticas e eletrônicas até 75% mais econômicas e vasos sanitários com menor gasto de água custam em média 40% mais, mas o retorno pode vir em até um mês, segundo o gerente técnico do Green Building Council Brasil, Marcos Casado.
Outra solução simples e de baixo custo são os sistemas de captação e de reúso de água. Os projetos podem custar de R$ 5 mil a R$ 50 mil, Casado calcula, e o capital investido tem retorno estimado no máximo em um ano. A água da chuva pode ser armazenada numa cisterna no térreo ou subsolo do edifício e utilizada para lavagem de pisos, irrigação de jardim.
É crescente o número de empresas especializadas nesses serviços, em especial na captação da água de chuvas, informa Carlos Alberto Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). O mercado, ele observa, está atento ainda às demandas provenientes de legislações municipais, entre as quais a captação de água e a individualização das contas. Há empresas que já oferecem serviços e produtos diferenciados, como os hidrômetros com rádio frequência, para maior eficiência e precisão na aferição dos gastos individuais.
O movimento verde em edifícios comerciais está em expansão por todo país. Até empreendimentos em regiões com água farta, como Manaus, contam com equipamentos mais econômicos. Esse é o caso do Manauara Shopping, onde foram instalados sanitários a vácuo. Nesses casos é preciso estar atento ao suprimento. "Tivemos de manter um estoque em Manaus porque o transporte fluvial é mais complicado", explica Elizabeth Morita, gerente de meio ambiente da Sonae Sierra Brasil.
Mesmo para empresas como a Tishman Speyer, uma das maiores desenvolvedoras de edifícios de alto padrão do mundo e com certificações Green Building em seus empreendimentos, pequenas soluções fazem a diferença. Além das torneiras com fechamento automatizado e bacias sanitárias com vazão dupla, a empresa adota o uso da água condensada do ar condicionado, que somada à água captada das chuvas, é utilizada na irrigação de jardins e paisagismo.
O uso da água condensada representa uma economia de 40% no consumo total dos edifícios da Tishman, já que o ar condicionado é a principal fonte de gasto dos condomínios com esses equipamentos. "São medidas simples, de baixo custo que podem ser adotadas em qualquer empreendimento e que requerem, no caso da captação, apenas cuidados no tratamento e correção de PH para proteção da rede de tubulação", ensina Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil.
O executivo faz, no entanto, uma ressalva: medidas de sustentabilidade devem ser sinônimo de preservação ambiental e não de redução de custos.
Valor Econômico
Equipamentos, produtos e serviços para racionalizar o uso de água, até há pouco tempo exclusividade de prédios com certificações Green Building, começam a ser incluídos em projetos de construção e gestão de empreendimentos comerciais e empresariais. Além de preservar recursos naturais, a tendência significa menor custo e maior competitividade para empresas que chegam a reduzir o consumo de água em até 50% em algumas iniciativas.
"A comparação para definir compra ou locação de imóvel é feita a partir da característica verde do empreendimento", diz Paulo Costa, diretor comercial da H2C, do Grupo Lemos da Costa, especializada em programas de racionalização de uso de água. Imóveis com menor custo de manutenção, explica, se tornam mais atraentes ao mercado. Esse movimento verde impulsionou o desenvolvimento de novas tecnologias. Os produtos ganharam eficiência, designs modernos e funções inovadoras.
Metade das despesas com água nos condomínios, segundo ele, é proveniente das bacias sanitárias. Nos imóveis com mictórios os gastos chegam a representar 60% do total. A demanda por equipamentos mais econômicos, relata Costa, levou os fabricantes de louças e metais sanitários a realizar melhorias nos últimos oito anos.
As bacias que gastavam entre 12 litros e 15 litros de água perderam espaço para os sanitários com caixa acoplada, sistema duplo de acionamento e consumo de seis litros para o envio de dejetos sólidos à rede de esgoto e três litros para os dejetos líquidos. Começam chegar ao mercado equipamentos importados com caixa acoplada que gastam 4,5 litros para sólidos e 2,5 litros para líquidos.
Outra vilã do consumo de água nos empreendimentos empresariais é a cozinha, por onde saem 14% da água consumida num edifício. Com arejadores ou restritores de vazão, para limitar o consumo de água em 4,5 litros por minuto em média, é possível alcançar economia de até 67% em relação aos produtos tradicionais. Nos casos em que essas alternativas não são viáveis, ações de retrofiting substituem torneiras ou misturadores convencionais pelos automáticos ou eletrônicos.
A indústria desenvolveu tecnologias também para reduzir o consumo de água na limpeza. Há rodos para substituir vassouras e mangueiras que permitem economia de até 95% em relação ao método tradicional. Restaurantes, hotéis e supermercados passaram a utilizar produtos de limpeza com ação prolongada, que eliminam o uso da água. "Esses produtos tornam o serviço mais ágil e ajudam a economizar tempo porque dispensa o enxágue", diz Nilton Rezende, diretor da Ecolab Química do Brasil, fabricante de um produto à base de enzima para limpeza a seco. Além disso, alguns edifícios utilizam na construção vidros autolimpantes, que dispensam a limpeza constante e o uso de detergente.
Essas tecnologias são mais caras que as tradicionais, mas o retorno do investimento é rápido. Torneiras automáticas e eletrônicas até 75% mais econômicas e vasos sanitários com menor gasto de água custam em média 40% mais, mas o retorno pode vir em até um mês, segundo o gerente técnico do Green Building Council Brasil, Marcos Casado.
Outra solução simples e de baixo custo são os sistemas de captação e de reúso de água. Os projetos podem custar de R$ 5 mil a R$ 50 mil, Casado calcula, e o capital investido tem retorno estimado no máximo em um ano. A água da chuva pode ser armazenada numa cisterna no térreo ou subsolo do edifício e utilizada para lavagem de pisos, irrigação de jardim.
É crescente o número de empresas especializadas nesses serviços, em especial na captação da água de chuvas, informa Carlos Alberto Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). O mercado, ele observa, está atento ainda às demandas provenientes de legislações municipais, entre as quais a captação de água e a individualização das contas. Há empresas que já oferecem serviços e produtos diferenciados, como os hidrômetros com rádio frequência, para maior eficiência e precisão na aferição dos gastos individuais.
O movimento verde em edifícios comerciais está em expansão por todo país. Até empreendimentos em regiões com água farta, como Manaus, contam com equipamentos mais econômicos. Esse é o caso do Manauara Shopping, onde foram instalados sanitários a vácuo. Nesses casos é preciso estar atento ao suprimento. "Tivemos de manter um estoque em Manaus porque o transporte fluvial é mais complicado", explica Elizabeth Morita, gerente de meio ambiente da Sonae Sierra Brasil.
Mesmo para empresas como a Tishman Speyer, uma das maiores desenvolvedoras de edifícios de alto padrão do mundo e com certificações Green Building em seus empreendimentos, pequenas soluções fazem a diferença. Além das torneiras com fechamento automatizado e bacias sanitárias com vazão dupla, a empresa adota o uso da água condensada do ar condicionado, que somada à água captada das chuvas, é utilizada na irrigação de jardins e paisagismo.
O uso da água condensada representa uma economia de 40% no consumo total dos edifícios da Tishman, já que o ar condicionado é a principal fonte de gasto dos condomínios com esses equipamentos. "São medidas simples, de baixo custo que podem ser adotadas em qualquer empreendimento e que requerem, no caso da captação, apenas cuidados no tratamento e correção de PH para proteção da rede de tubulação", ensina Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil.
O executivo faz, no entanto, uma ressalva: medidas de sustentabilidade devem ser sinônimo de preservação ambiental e não de redução de custos.
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